segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Futebolês

A semana tem começado sempre assim: no curso de mosaicos para invisuais. Passamos duas horas debruçados sobre um monte de pedrinhas de diferentes cores à procura da peça ideal para encaixar no desenho, ao som de música popular turca. Como os voluntários estão em maioria, para além de ajudarmos os três alunos a fazer os mosaicos, trabalhamos, ao mesmo tempo, noutras obras, que deverão ser vendidas posteriormente para angariar fundos. Esta é uma das actividades principais da nossa associação, juntamente com as visitas à casa de acolhimento para jovens em risco (Münir Onat) e às crianças internadas no hospital oncológico, onde vou pela primeira vez amanhã.


Nestas quase duas semanas passadas na Turquia, aprendi, entre muitas outras coisas, a importância do futebol como linguagem universal. A começar pela curiosidade de um dos alunos do curso de mosaicos em aprender português (obviamente, apoiante do Beşiktas e fã do Quaresma), e tendo o seu momento mais significativo na última visita à casa de acolhimento. Estava a ajudar a levantar os pratos do jantar quando senti alguém a puxar-me pelo braço e a gritar "Porto! Porto! Porto!". Quando olhei para trás, estavam cinco ou seis rapazes a apontar efusivamente para o ecrã plasma pendurado na parede da sala de jantar, onde estava a ser transmitido o Porto-Sevilha. Os 90 minutos de jogo foram passados com grande parte das crianças com o olhar fixado no ecrã, a gritar pelo Porto, que incluiu a aprendizagem por imitação, não muito recomendável a nível pedagógico, da expressão de frustração proferida pelo Zé: "Chuta car****!".

E assim tive de aceitar que ser português no estrangeiro é ser da terra do Cristiano Ronaldo, e que não há melhor maneira de comunicar do que o futebolês.

Prometo para breve um post sobre a minha visita a Şanlıurfa e a Harran.

[como era de esperar, ainda não tenho internet em casa]



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